E lá esta você, olhando para o gráfico e de repente, PAH! O preço se movimenta com força para um dos lados e a primeira pergunta que você se faz é: Por quê?! Oquequetáaconteceno? Nesse momento, cria-se um problema de narrativa.
Problema de Narrativa
Criamos problemas de narrativa naturalmente, então relaxe. Quando precisamos entender algo que necessariamente não está sob nosso controle, criamos “histórias” para facilitar o entendimento do que ocorreu.
Pegamos o fato e tentamos justificá-lo, atribuindo outros eventos , mesmo que não tenham muita relação entre eles (muita das vezes criamos conexões).
Nós não aceitamos muito bem um fato sem um por quê. Quer um exemplo: Se você falar com alguém que as ações da empresa “X” caiu, a primeira pergunta da outra pessoa (e sua também) vai ser um “por quê?”.
Não conseguimos nos ater ao fato de forma isolada, sem atribuir alguma ATRIBUIR CARGA EMOCIONAL e criar uma “história”.
Facilidade para memorizar
Esse recurso de atribuir “histórias” a eventos, ocorre devido a facilidade de memorizá-los. Perceba a diferença entre as sentenças:
Meu avô faleceu. Minha Avó faleceu.
Meu avô faleceu e minha avó faleceu em seguida, por ter ficado sozinha.
Percebe essa facilidade em passar adiante essa informação? Se torna trabalhoso guardar informações “soltas”.
Erros ao procurar os por quê?
Como já disse antes aqui, a bolsa de valores reflete o pensamento e a intenção de seus participantes, ou seja, não é algo exato. Causa e Efeito não funciona aqui.
Erro muito comum (natural, até) por parte de nós querermos dar um motivo para justificar ações alheias. Se a bolsa subiu ou desceu, devemos saber o motivo. Tem que ter um motivo…
Na realidade, quanto mais nos focamos nisso, mais enviesados ficamos. Além de sermos bombardeados com desinformação.
Tratamos o mercado como “uma pessoa”, quando na verdade são “umas (milhares) pessoas” que tornam tudo caótico.
Não acredita em mim? Tudo bem. Amanhã quando iniciar o pregão (por volta de 09:05 da manhã), abra seu site de noticias preferido, para ler as noticias sobre o mercado, e LÁ ESTARÁ UMA JUSTIFICATIVA PARA O MOVIMENTO ATUAL DO MERCADO.
Sim, em 5 minutos (em média), já terá um motivo para a bolsa de futuros estar subindo ou descendo. Se quiser, repita o processo quando o mercado a vista abrir também.
Quer que eu fique desinformado?!
Entenda, informações passadas já eram, não tem mais utilidade para o próximo pregão (1º regra: Tudo pode acontecer, lembra?).
No final do pregão, haverão inúmeras histórias de motivos diferentes para que o mercado reagisse daquela forma. Haverão muitas coisas atreladas ao fato de a bolsa ter caído ou não.
Mas o único fato relevante é: A bolsa caiu ou subiu. Nada mais, nada menos.
A gente sempre olha pra trás e tenta justificar o que ocorreu. Olhamos sempre em retrospectiva para tentar entender a confusão que é o mundo a nossa volta. Mas na realidade, não tem o que querer entender.
Quanto menos procurar o porque do movimento fora do mercado (fora da tela de negociação), menos tempo você perde para pegar uma próxima oportunidade.
Obviamente, não é para se bitolar e ignorar TODAS as informações. Eventos recorrentes que mexem com o mercado, devem sempre ser monitorados (seus horários e não seus resultados).
Quando se aceita e abraça a incerteza, a liberdade vem junto com ela.
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Post baseado em um dos capítulos do livro A Lógica do Cisne Negro, do autor Nicholas Nassim Taleb. Para quem quiser se aprofundar mais, fica a sugestão de leitura.
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