Todo mundo que entra para o “mundo da Bolsa de Valores” ouve a expressão Exposição ao risco, comumente atrelada a questão financeira. Mas será essa a única utilização dessa expressão? Vejamos…
Conceitos de Linearidade e Não-Linearidade
Para entendermos melhor essa questão de Exposição ao risco, do lado psicológico, temos que entender esses dois conceitos e suas respectivas aplicações.
O conceito de Linearidade é aplicado as coisas que variam de forma proporcional. Ou seja, a cada acréscimo de uma unidade por exemplo, o resultado final será igualmente proporcional, seguindo de forma reta, linear (positivo ou negativo).
Já a Não-Linearidade é aplicada as coisas que variam de forma exponencial. A cada acréscimo, o resultado será muito mais alto do que o resultado anterior, seguindo de forma convexa (positiva ou negativa)
Para que esses conceitos fiquem mais claros, vou utilizar como recurso, os conceitos de gráficos matemáticos. Para a Linearidade, usamos uma equação simples de 1º grau, já para Não-Linearidade, um gráfico de função exponencial (que é o que mais se aproxima, visualmente).
Quando erramos ao aplicar esses conceitos no mercado
Quando começamos no mercado, é automático e involuntário pensar dessa forma: Eu fiz X reais em tempo Z, logo se eu ficar exposto pelo tempo 2Z, eu vou fazer 2X.
Nosso cérebro cria esse VIÉS, nos enganando. E essa é a principal causa do “Fiz a meta e devolvi a Meta“.
O mercado é um ambiente Não-Linear (assim como praticamente todos os ambientes que vivemos), onde os resultados não seguem essa lógica retilínea.
Não é associada a questão de que você está correndo risco (financeiro) ao estar mais tempo exposto ao mercado, principalmente quando sua META é feita de forma rápida.
Exposição ao risco, bom ou ruim?!
Tendo os conceitos já mostrados, vamos entender sua aplicação na prática.
Como disse no tópico anterior, o mercado é um ambiente Não-Linear, que NÃO SEGUE O CONCEITO CAUSA E EFEITO (amplamente divulgado por “analistas”, “especialistas”, “Sites de noticias econômicas” e “Previsores pós-evento”).
Um fator que não se tem consciência é que, ao abrir sua plataforma e ver o mercado se movimentando, sua mente entra em modo de “atenção a perigos eminentes“, o que naturalmente faz seu corpo reagir a estímulos externos.
Logo, nosso cérebro entende o ambiente incerto de mercado como um ambiente perigoso, já que não se tem controle total dele (e por isso caímos/criamos nossos PROBLEMAS DE NARRATIVA).
Quando ficamos muito tempo exposto a esse ambiente, isso se torna prejudicial, porém, quando ficamos o suficiente, se torna benéfico (já expliquei essa ideia nesse POST).
Sendo enganado por você mesmo
Quando não conhecemos os conceitos de Não-Linearidade e de Exposição ao Risco, tendemos a ver as coisas de forma diferente.
Se nossa meta é alcançada, por exemplo, as 09:10 da manhã, nossa mente nos sabota, dizendo para nós mesmos que “o dia tá fácil“, ou “que está cedo demais para encerrar o dia“, nos fazendo querer continuar exposto ao mercado.
Como é um ambiente onde as variáveis não são lineares, e nosso cérebro nos engana vendo tudo como sendo linear, por conta de “causa e efeito“, nós assumimos riscos maiores. Ou seja, quanto maior o tempo de frente para a tela, maior o risco, e de forma exponencial.
Por que de forma exponencial, você deve se perguntar. Ora, se você está com sua meta e perde parte dela, seu cérebro entende que “algo que lhe pertence foi tirado de você“, dando início aquele sentimento de vingança e de querer recuperar.
Isso, além de todos os outros fatores externos, torna muito mais volátil e imprevisível o resultado final do seu dia.
Ahhh mas podem ter dias que eu consigo fazer mais do que a meta!
Não estou dizendo para que não fique exposto ao mercado, mas sim que saiba dos riscos envolvidos. Se você não possui a disciplina necessária para manter a plataforma aberta e não fazer nenhuma operação, o melhor é sair do mercado com a meta.
Assim, você encerra o dai positivo e tem um retorno psicológico melhor, com autoestima e confiança elevado.
Caso você já tenha desenvolvido esse autocontrole e ainda possua alguma “gordura“, por que não tentar?! (obviamente, não exagerando e dentro do gerenciamento!)
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Esse post, foi baseado em um dos capítulos do livro Antifrágil, de Nassim Nicholas Taleb. Leitura que recomendo fortemente!
Muito conteúdo interessante para nós operadores do mercado financeiro, que se leva para a vida!
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